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Tenzo Kyôkun (Instruções para o Cozinheiro Chefe)

Tenzo Kyôkun

Eihei Dogen
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Desde os tempos antigos, existiam nas comunidades que praticavam o Caminho do Budai seis cargos criados para dirigir a comunidadeii. Todos os monges responsáveis por cada um destes cargos eram discípulos do Buda e todos realizaram as ações do Buda através das suas atividadesiii. Entre esses cargos, está o cargo do Tenzo, que é o responsável pela preparação das refeições da comunidade.
Chanyuan Qingguiiv disse: “A função do Tenzo é a de se ocupar da comida dos monges.”
Este trabalho sempre foi realizado por praticantes avançados no Caminho, e por outros que queriam fazer nascer em seu interior o Espírito de Bodhisatva. Uma tal prática demanda toda nossa energiav. Se a pessoa responsável por este cargo carece de um tal espírito, ela não fará mais do que suportar um trabalho pesado e sofrimentos que não a ajudarão a prosseguir no Caminho.
O Chanyuan Qinggui completa: “Trabalhe com a mente Bodhi, a mente que procura a Iluminação, fazendo constantemente um esforço para servir refeições variadas, apropriadas às necessidades e circunstâncias, e que permitirão a todos praticar com os seus corpos e mentes, com o mínimo de obstáculos possíveisvi.
Através dos tempos, grandes mestres e patriarcas como Guinshan Lingyou e Dongshan Shouchu foram Tenzos. Apesar de tratar-se somente de preparar as refeições, o espírito deste cargo é bem diferente do trabalho de um cozinheiro ou de um ajudante de cozinheiro.
Quando estava na China, eu falava durante os meus momentos livres com muitos monges anciãos, que tinham muitos anos de experiência nas diferentes responsabilidades do Templo. Eles me ensinaram um pouco do que eles aprenderam no seu trabalho. Tudo o que eles me disseram é certamente o cerne da prática transmitida até nós através dos tempos pelos antigos Budas e Ancestrais7, firmemente estabelecidos no Caminho8.
Nós devemos estudar atenciosamente o Chanyuan Qinggui e o que ele nos diz da prática do Tenzo, e sobretudo escutar o que tem a nos dizer aqueles que exerceram este cargo.
Eu gostaria de descrever agora o trabalho do Tenzo durante um dia inteiro. Após a refeição do meio dia, o Tenzo deve ir ver o tsusu e o kansu para receber o arroz os legumes e outros ingredientes para o café da manhã e o almoço do dia seguinte9.
Quando os recebe, ele deve dedicar-lhes tanta atenção como se fossem as pupilas de seus próprios olhos. Renyong de Baoheng disse: “Trate os bens e as possessões da comunidade como se fossem seus próprios olhos.” O Tenzo deveria manusear todo alimento recebido com esse mesmo respeito, como se ele fosse preparar uma refeição para o Imperador, seja alimento cru ou cozido.
Em seguida, todos os responsáveis se reúnem na cozinha, ou em um anexo, para decidir qual a comida a ser preparada para o dia seguinte, por exemplo, qual o tipo de sopa de arroz, quais os legumes, quais os acompanhamentos. Diz-se no Chanyuan Qinggui: “O Tenzo deve consultar os outros responsáveis quando ele decide a quantidade de comida e sua apresentação, necessárias para as duas refeições. São eles o tsusu e o kansu, e quando estes pratos estiverem escolhidos, o menu deve ser afixado nos murais, em frente ao quarto do superior e na sala de estudos10.”
Quando isso estiver feito, é preciso começar os preparativos para o café da manhã do dia seguinte. Não deixe o trabalho de lavar o arroz ou de arrumar os legumes aos outros, mas faça isso com suas próprias mãos. Coloque toda a sua atenção neste trabalho, permanecendo vigilante ao conjunto da situação11. Não deixe seu espírito vagar, mas não fique por demais absorto por um dos aspectos da tarefa, a ponto de esquecer os outros. Não desperdice nem uma gota do oceano de virtudes confiando este trabalho a outros. Cultive um espírito que procura aumentar a fonte do bem, sobre a montanha do bem12.
O Chanyuan Qinggui prossegue: “Se o Tenzo oferece uma refeição que não contém os seis sabores e as três qualidades13 não se pode dizer que ele serve à comunidade.”
Lavando o arroz, retire a areia que você encontra, mas sem perder sequer um grão. Quando você olha o arroz, veja a areia ao mesmo tempo, e olhando a areia, veja também o arroz. Examine bem os dois. Então, uma refeição incluindo os seis sabores e as três qualidades virá naturalmente. Xuefeng Yicun era Tenzo junto de Dongshan Liangjie. Um dia Dongshan passou enquanto Xuefeng lavava o arroz, e lhe perguntou: “Você lava a areia e escolhe o arroz, ou lava o arroz e escolhe a areia14?” “Eu lavo retirando ambos ao mesmo tempo,” respondeu Xuefeng. “Mas então, o que vão comer os monges?” insistiu Dongshan. Em resposta, Xuefeng despejou o balde de arroz. Diante deste gesto Dongshan disse: “Dia virá em que você irá praticar com outro mestre15.”
Desta maneira, os grandes mestres dos tempos antigos cumpriram suas tarefas com suas próprias mãos. Como podemos nós, os praticantes sem experiência de hoje em dia, ser tão negligentes? Aqueles que vieram antes de nós disseram: “O Mente Bodhi [Dôshin] do Tenzo é realizado quando se arregaça as mangas.”
Para não perder nenhum grão de arroz enquanto você retira a areia, faça isso cuidadosamente com as próprias mãos. Nós encontramos no Chanyuan Qinggui: “Esteja plenamente atento preparando a refeição, preste atenção a cada detalhe, desta forma tudo sairá bem.” Em seguida, não jogue com negligência a água que resta da lavagem do arroz. Antigamente, utilizava-se um saco de tecido para filtrá-la. Quando terminar de lavar o arroz, coloque-o na panela. Sob nenhum pretexto permita à qualquer pessoa que transite pela cozinha olhar dentro da panela, ou colocar as mãos nela. Atenção também para que um rato não caia na panela.
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Prepare os legumes que você vai servir no café da manhã. Ao mesmo tempo, coloque ordem nos restos do almoço. Lave conscientemente o recipiente do arroz e a panela da sopa, bem como os outros utensílios que foram utilizados. Coloque as coisas que ficam melhor no alto em um lugar elevado, e coloque em baixo as coisas que ficarão mais estáveis em baixo; aquilo que pertence naturalmente a um lugar elevado estará melhor instalado no alto, e aquilo que pertencem a um lugar baixo estará melhor em baixo, e lá encontrará sua maior estabilidade16.
Limpe os talheres, as conchas, todos os utensílios, maneje-os igualmente com cuidado e atenção, recolocando cada coisa em seu lugar natural. Mantenha sua mente neste trabalho e não jogue os objetos em qualquer lugar, sem cuidado.

Quando tudo isto estiver terminado, é hora de preparar o almoço do dia seguinte. Antes de tudo, verifique que não hajam insetos, ervilhas, farelo e pedrinhas no arroz, e se você os você encontrar, retire-os cuidadosamente.
Quando se escolhe o arroz e os legumes que serão utilizados, os assistentes do Tenzo devem cantar os sutras para o espírito do kamado17. Em seguida, limpe cuidadosamente os ingredientes para a sopa ou para qualquer outro prato, a fim de retirar a poeira e os insetos.
Quando o Tenzo recebe do kusu18 a comida, ele não deve jamais se lamentar da quantidade nem da qualidade – mas sempre tratá-la com o maior respeito. Nada é pior do que se lamentar porque há demais ou não há suficiente de alguma coisa, ou de criticar a qualidade do que nos é dado.
De noite e de dia, permita que todas as coisas venham e residam na sua mente. Permita que sua mente e todas as coisas funcionem em harmonia, como um todo19. Antes da meia noite, dirija sua atenção para organizar o trabalho do dia seguinte; depois da meia noite comece o trabalho para a refeição matinal.
Após o café da manhã, lave as panelas e cozinhe o arroz e a sopa do almoço. Enquanto o arroz é colocado de molho e se mede a água, o Tenzo deve estar presente, em frente à pia. Mantenha seus olhos abertos. Não permita que um só grão de arroz seja perdido. Lave cuidadosamente o arroz, coloque-o na panela, coloque a panela no fogo e cozinhe-o. É dito: "Que a panela seja como vossa própria cabeça, que a água seja como vosso próprio sangue."
Arrume o arroz cozido, no verão numa bacia de bambu, no inverno em um recipiente de madeira, e leve-o à mesa. Cozinhe ao mesmo tempo a sopa e todos os pratos de acompanhamento.
O Tenzo deve estar presente quando a sopa e o arroz cozinham. Isto é verdadeiro para todos os casos, quer o Tenzo faça o trabalho ele mesmo ou quer os seus assistentes ajudem no cozimento ou a manter o fogo. Mesmo se nos grandes monastérios são outras pessoas que fazem o trabalho de cozinhar o arroz ou a sopa, o Tenzo não deve esquecer que eles são apenas assistentes trabalhando para ele, e que eles não podem ser considerados responsáveis por este trabalho. Antigamente o Tenzo se ocupava de tudo, ele não tinha assistentes20.
Quando você prepara a comida, não olhe os ingredientes da mesma maneira que as pessoas comuns, e não leve em conta somente os seus sentimentos pessoais. Que sua atitude seja aquela da pessoa que deseja construir um grande templo a partir de legumes comuns, ou que tenta explicar o Darma do Buda através das atividades mais insignificantes. Quando você faz uma sopa com legumes comuns, não se deixe levar por sentimentos de aversão à eles, nem os considere com desprezo, tampouco salte de alegria somente porque lhe deram ingredientes de qualidade superior para preparar um prato especial. Do mesmo modo, que você não abusa de um prato porque ele é especialmente bom, não há razão para detestar um prato comum. Não seja negligente e desatento somente porque os ingredientes parecem comuns, e não pense que seria melhor trabalhar com coisas de boa qualidade. Sua atitude em relação às coisas não deveria variar segundo suas qualidades. Alguém que se deixa influenciar pela qualidade de uma coisa, ou que muda sua atitude, seu discurso e suas maneiras segundo a aparência ou a posição social das pessoas que encontra, não é um estudante do Caminho.

Reafirme sua resolução e consagre-se inteiramente a suplantar a obra dos antigos patriarcas, e a ser mesmo mais meticuloso do que aqueles que nos precederam. Como aplicar todas as nossas aspirações ao Caminho? Se os grandes mestres do passado puderam fazer uma sopa comestível com legumes miseráveis, tentemos realizar uma sopa deliciosa com estes mesmos legumes. Isso é muito difícil de realizar. Existem grandes diferenças entre antigamente e hoje em dia, e somente esperar seguir os traços dos antigos não seria um trabalho fácil. Porém, sendo escrupulosos em nossos atos e projetando toda nossa energia em nossa tarefa, não existe nenhuma razão para que não possamos nos igualar aos antigos mestres21. Devemos aspirar por um ideal mais elevado, sem por isso tornarmo-nos arrogantes em nossas maneiras. Estas coisas são realmente evidentes. E no entanto, nós realizamos isto confusamente, porque nossa mente galopa como cavalos selvagens em uma pradaria, e nossas emoções sobem e descem como macacos nas árvores, sem que possamos controlá-las. Se nós fossemos capazes de tomar apenas um pouco de distância a fim de refletir seriamente sobre estes cavalos e estes macacos, nossa vida poderia ser somente nossa tarefa. Realizar isto, é o meio de mudar as coisas, sendo simultaneamente, mudado por elas22.
É essencial clarear nossa vida e harmonizá-la com a prática, sem perder de vista nem o absoluto nem o relativo. Utilize até uma simples folha de alface de maneira que ela manifeste o corpo de Buda. Isto permite ao Buda de se manifestar através desta folha. É um poder que vocês não podem entender com a mente racional. Ao mesmo tempo este poder opera em nossas vidas para clarear e aprofundar nossas atividades, e torná-las benéficas à todos os seres sensíveis23. Quando a preparação das refeições está terminada, limpe tudo cuidadosamente, arrumando tudo no seu lugar. Quando você escutar o tambor e o sino, manhã e noite, não falte ao zazen e não deixe de visitar o Mestre para receber seu ensinamento. Retornando à seu quarto, feche os olhos e conte quantas pessoas existem no sôdô24. Não esqueça os monges idosos os monges aposentados e aqueles que vivem em quartos particulares. Conte os da enfermaria e outras pessoas idosas. Você deve também incluir os monges que estão por partir e aqueles que chegam e não fazem realmente parte da comunidade. Enfim, adicione aqueles dos templos anexos. Se você tem alguma dúvida, verifique com os responsáveis ou com aqueles que se ocupam dos diferentes lugares onde os monges podem residir. Quando você conhecer o número exato das pessoas da comunidade, calcule a quantidade de comida que deve ser utilizada. Para cada grão de arroz que será comido acrescente um grão. Quando um grão é dividido, podemos ter dois meio grãos, ou talvez três ou quatro. Por outro lado, um grão pode ser igual à dois meio grãos ou talvez a um meio grão. Então novamente conte dois meio grãos como um grão. Você deve avaliar claramente qual é a quantidade de comida suplementar que haverá se juntar uma unidade de medida, ou se haverá o suficiente se for retirada uma unidade. Ao comer um grão de arroz de Lulin25 você pode tornar-se o monge Guishan. Se você juntar um grão, você pode tornar-se a vaca. Algumas vezes a vaca come Guishan, algumas vezes Guishan come a vaca.
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Examine se você compreendeu profundamente tudo isto, e se você pode fazer estes cálculos. Retome tudo desde o início, e quando você tiver penetrado todos os detalhes, estará pronto a explicá- los aos outros de acordo com a capacidade de compreensão deles.

Seja direto em sua prática, veja Guishan e a vaca como um, não como dois, mesmo se eles parecerem temporariamente assim. Em sua vida de todos os dias não esqueça isso, nem por um único momento.
Se alguém vier fazer uma oferenda de dinheiro para a comida, consulte os responsáveis sobre o uso do dinheiro. Este sempre foi o costume nos templos budistas. Para outros tipos de doações feitas à comunidade, por exemplo, objetos que serão distribuídos entre os residentes, consulte igualmente os outros responsáveis. Em outras palavras, não transgrida a autoridade dos outros, e não tome decisões fora dos limites de sua responsabilidade.
Depois que a refeição foi cuidadosamente preparada, coloque-a sobre uma mesa. Vista seu Kesa26 e abra seu zagu27. Coloque-se de frente para o sôdô, onde todos estão sentados em zazen, ofereça o incenso e prostre-se nove vezes. Depois leve a refeição para o sôdô.
Noite e dia o Tenzo deve tomar essas disposições para as refeições, e prepará-las sem desperdiçar um instante. Se ele coloca toda sua energia no que a situação verdadeiramente requer, então tanto sua atividade como a maneira com que isto é feito, agirão naturalmente para fazer brotar as sementes do Darma do Buda. O cuidado tomado na função de Tenzo permite a todos os residentes da comunidade seguir sua prática com segurança28. Há várias centenas de anos que o ensinamento do Buda foi introduzido no Japão, e nenhuma pessoa escreveu sobre a preparação e o serviço das refeições como meio de expressar o Darma, e nenhum ensinamento foi dado sobre estes assuntos. Menos mencionado ainda é o fato de se prostrar nove vezes antes de oferecer a comida aos monges. Uma tal prática jamais chegou ao espírito das pessoas deste país. Aqui as pessoas não se incomodam em comer como animais, sem se preocupar com a maneira pela qual eles recebem as refeições. Que pena: Isto me entristece muito. Porque isto é assim?
Quando eu estava no Monastério do Monte Tiatong, havia um monge de nome Qing Yuan que servia como Tenzo. Um dia após o almoço, quando eu caminhava para um outro alojamento, no interior do templo, eu o vi colocando cogumelos para secar ao sol, em frente ao butsuden29. Ele segurava um bastão de bambu e não usava nada para proteger a cabeça. Os raios do sol eram tão fortes que o solo queimava sob os pés. Ele trabalhava duro, e estava todo suado. Eu não pude me impedir de pensar que era um trabalho muito duro para ele, ele já era idoso, tinha as costas curvadas e as sobrancelhas brancas. Aproximei-me e perguntei sua idade. Respondeu que tinha sessenta e oito anos; então, perguntei porque ele não empregava um ajudante.
–“Os outros não são eu”, respondeu ele.
– “É verdade”, eu disse, “eu posso ver que seu trabalho é a atividade do Darma, mas porque trabalhar tão duro sob um sol tão forte?”
– “Se eu não o fizer agora, quando o farei?”, respondeu-me ele.
Eu não tinha mais nada a dizer; caminhando pelo corredor, começava a compreender o significado real do cargo de Tenzo.
Cheguei à China em abril de 1223, mas como não pude desembarcar imediatamente, e fiquei a bordo do navio no porto de Ningboo. Um dia de maio, enquanto falava com o capitão, avistei um velho monge. Ele tinha aproximadamente sessenta anos, e tinha vindo à bordo para comprar cogumelos dos mercadores japoneses que se encontravam no barco. Eu o convidei para um chá, e perguntei-lhe de onde vinha. Respondeu que era Tenzo no monastério do Monte Ayuwang e acrescentou:
–“Sou originário do Xishu, mas parti de lá há quarenta anos. Tenho sessenta e um anos, e pratiquei em vários monastérios zen. No ano passado, quando vivia em Guyun, visitei a comunidade do Monte Ayuwang. No entanto eu vivia meu tempo em plena confusão30. Depois do período da prática de verão31, fui nomeado Tenzo. Vim até aqui comprar cogumelos para fazer uma sopa de massa, pois amanhã é dia cinco de maio32 e eu não tenho nada de especial para oferecer aos monges.”
– “Quando você deixou Ayuwang?”
– “Esta manhã.”
– “É longe daqui?”
– “Aproximadamente 20 quilômetros.”
– “Quando você vai retornar ao templo?”
– “Assim que eu comprar os cogumelos.”
– “Você não pode imaginar o quanto estou feliz por tê-lo encontrado. Se for possível, gostaria de retê-lo por mais tempo. Permita-me oferecer-lhe um chá.”
– “Lamento, mas neste instante é impossível. Se eu não estiver lá amanhã para preparar as refeições, isso não será bom.” disse ele.
– “Mas sem dúvida um templo tão importante como Ayuwang deve ter outras pessoas capazes de preparar as refeições. Eles não verão nenhum inconveniente na sua ausência, não é mesmo?”
– “Eu recebi o cargo de Tenzo numa idade avançada. É a prática de um homem idoso33. Como poderia confiar esta tarefa a outros? E além disso, quando eu deixei o templo, não pedi permissão para passar a noite fora.”
– “Já que você é idoso, porque faz o trabalho tão duro de Tenzo? Porque não passa o tempo fazendo zazen, ou estudando os koans34 dos mestres antigos? O que há de especial a ganhar sendo Tenzo?”
Ele começou a rir e disse:
– “Ah, meu amigo estrangeiro. Você não sabe o que é a prática e nem o significado das coisas35”.
Ouvindo isso, fiquei desconcertado e envergonhado. Então, perguntei:
– “O que são as coisas, e o que é a prática?”
Ele respondeu:
– “Se você não se enganar a esse respeito, você será um homem do Caminho36.”
Naquele momento fui incapaz de compreender o sentido de suas palavras.
– “Se você não compreender, venha um dia até o Monte Ayuwang, e nós falaremos mais detalhadamente sobre a natureza das coisas.” Ele levantou–se rapidamente:
– “É tarde e o sol vai se pôr, e não creio poder ficar mais tempo.”
Ele partiu para o monastério.
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Eu morava no Monte Tiantong, e em julho deste mesmo ano, o Tenzo de Ayuwang veio me visitar. Ele disse:
– “No final do período de verão, não serei mais Tenzo, e penso em voltar para minha cidade natal. Ouvi dizer que você estava aqui, e vim conversar com você, ver o que está fazendo.”
Eu o recebi cordialmente, pois estava muito feliz em revê-lo. Nós falamos de diversos assuntos, depois retomamos a conversa a respeito da prática e do significado das coisas. Ele disse:
– “Uma pessoa que estuda as coisas deve saber o que são as coisas, e uma pessoa que estuda o Caminho deve saber o que é a prática.”
Eu lhe perguntei:
– “O que são as coisas?”
– “Um, dois, três, quatro, cinco”, respondeu ele.
– “O que é a prática?”
– “Nada há de escondido no mundo37”
Nós falamos também de outros assuntos que não mencionarei aqui. Ainda que isso possa ser pouco, tudo o que eu aprendi sobre as coisas e a prática foi por intermédio deste Tenzo. Quando revi meu Mestre Myôzen38 que morreu mais tarde na China, ele se alegrou do meu encontro com este Tenzo. Mais tarde, encontrei um poema que foi escrito para Xuedou por um de seus discípulos39.
“Um, sete, três, cinco
A verdade que você procura não pode ser apreendida
A noite avança, e uma lua brilhante
ilumina todo o oceano.
As jóias do dragão se encontram em cada onda
Procurando a lua, ela está lá,
em cada onda, e na seguinte.”
Fiquei surpreso com a coincidência perfeita entre as palavras do Tenzo e o que Xuedouu exprimiu neste poema. Mais do que nunca, compreendi que aquele Tenzo era uma pessoa vivendo plenamente a realidade última. Eu podia ver as coisas, um, dois, três, quatro, cinco, agora eu posso ver também seis, sete, oito, nove e dez40. Os estudantes devem poder ver aquilo a partir disto e também isto a partir daquilo. Praticando com toda sua energia, e utilizando todos os seus recursos, você poderá entender a verdade Zen, que vai além da superfície das coisas. De outro modo você terá apenas uma vaga idéia do Zen, o que o impossibilitará de realmente preparar as refeições da comunidade41.
A respeito do cargo de Tenzo, as histórias que eu mencionei como aquela de Guishan e de Longshan, nos foram transmitidas através dos séculos. Além dos monges do Monte Tiantong e do Monte Ayuwang eu conheci outros monges de outros monastérios. Se nós estudarmos cuidadosamente estas histórias, nós poderemos compreender o significado das coisas e a natureza da prática. De fato, o trabalho de Tenzo em si mesmo é a prática incomparável dos Budas. Aquele que dirige a comunidade deveria aplicar os mesmos princípios em todas as atividades.
Encontramos no Chanyuan Qinggui: “Prepare cada refeição com um cuidado meticuloso, assegurando-se de que haverá o suficiente. Não seja negligente nas oferendas de comida, de vestes, de cama e de medicamentos. Shakyamuni Buda deveria viver cem anos, mas ele morreu com oitenta anos, oferecendo vinte anos de vida aos seus discípulos e descendentes. Nós vivemos hoje graças à este mérito. Se nós recebermos nem que seja um raio desta luz emitida entre as sobrancelhas do Buda42, nós não poderemos esgotar este mérito.”

Você não deve pensar em outra coisa, a não ser na melhor maneira de servir à comunidade, sem temer a pobreza. Quanto mais tempo seu coração permanecer ilimitado, você receberá naturalmente a riqueza sem limites. Esta deveria ser a atitude dos responsáveis pela comunidade em relação aos monges residentes.
Preparando a comida, é essencial não reclamar contra a qualidade dos ingredientes, mas cultivar um espírito que os observe e respeite como eles são. Pense na história da velha mulher que recebeu muitos méritos para suas vidas futuras oferecendo ao Buda Shakyamuni a água na qual ela tinha lavado o arroz43. Ou reflita sobre as sementes de karma do Rei Asoka que no seu leito de morte ofereceu com alegria uma meia tâmara deixada sobre a mesa para um templo44. Graças a isto, foi dito que numa vida futura, o Rei atingiria o Nirvana. O verdadeiro laço estabelecido entre nós e Buda nasce, antes, de uma pequena oferenda feita com sinceridade do que de um grande presente feito sem coração. Esta é a nossa prática de seres humanos. Um prato não é obrigatoriamente melhor porque é preparado a partir de especiarias raras, nem uma sopa é menos deliciosa porque é preparada com legumes simples. Quando utilizar e escolher os legumes, coloque seu coração nesta tarefa, como se você fosse preparar um banquete.
Todos os rios que chegam ao oceano tornam-se o sabor único do oceano, quando elas se jogam no puro oceano do Darma, não existe diferença entre pratos refinados e alimentos simples, quando eles se jogam no puro oceano do Darma passa a existir um único sabor, o do ensinamento, o da Realidade Última, o mundo como ele é. Cultivando o desejo de exprimir o Caminho através de sua vida, e praticando o Darma, todos os sabores, deliciosos ou comuns, são idênticos, e não opostos; eles tornam-se um e não dois. Existe um ditado no qual se pode meditar: “A boca de um monge é um forno45.” Lembre bem disto. Do mesmo modo, compreender que um único legume pode tornar-se a prática do Buda nutre em nós de maneira eficaz o desejo de exprimir o Caminho através de nossa vida. Não deteste as coisas simples, que ensinam os homens e os seres do céu; faça melhor uso do que você tem.
Igualmente, não faça diferença entre monges que merecem respeito e monges indignos, ou entre praticantes de longo tempo ou iniciantes. Se nós não podemos saber como nos fixar no Caminho, como podemos nós avaliar outra pessoa? Se os critérios a partir dos quais nós julgamos os outros são incorretos, podemos pensar que seus bons aspectos são maus e vice versa. Que grande engano!
Podem existir diferenças entre aqueles que praticam há longo tempo, e aqueles que são iniciantes, entre aqueles que tem a chance de serem inteligentes e os outros. Mas, da forma como eles são, eles são os tesouros da Sangha. Mesmo que alguém tenha se enganado no passado, pode muito bem ter razão no contexto atual. Quem vai dizer se alguém é um louco ou um sábio? Está escrito no Chanyuan Qinggui: “Quer uma pessoa seja estúpida ou inteligente, no momento em que ela é monge, ela é um tesouro para todas e em todos os diferentes mundos.” Mesmo que exista verdadeiro ou falso, não se apegue à este julgamento; este desejo de não apego é nele mesmo a verdadeira aplicação ao Caminho, que realiza a sabedoria incomparável46. Apesar do fato de alguém ter tido a sorte maravilhosa de encontrar o Buda, aquele que se engana sobre este ponto perderá completamente o Caminho47. A essência do ensinamento dos grandes mestres do passado, sua própria medula, é que eles conseguiram colocar este espírito em todas as suas atividades. Os irmãos e irmãs das gerações futuras somente podem preservar este tesouro praticando de acordo com esta atitude. As regras estabelecidas pelo grande mestre Baizahn Huihai não devem ser tomadas levianamente48.
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Ao retornar ao Japão, eu fiquei quase dois anos no templo de Kennin-Ji. Havia um cargo de Tenzo, mas puramente nominativo, na realidade nenhuma pessoa preenchia este cargo. Já que ninguém concebia claramente o trabalho de Tenzo como a atividade do Buda, não era surpreendente que não houvesse pessoa capaz de praticar com convicção esta tarefa. O monge nomeado, apesar de ter tido a chance de chegar a esta função, jamais teve a oportunidade de ver o exemplo vivo de um Tenzo praticando como um Buda, então ele não fazia mais do que perder o seu tempo, quebrando com negligência todas as regras de seu cargo. Na verdade, era uma situação triste e lamentável. Eu o observava cuidadosamente. Ele não ajudava jamais na preparação das refeições, e confiava o trabalho à qualquer ajudante distraído. Ele não fazia mais do que distribuir ordens. Nem uma vez verificava se o trabalho tinha sido bem feito. Era como se pensasse que vigiar a preparação do arroz e dos legumes fosse um trabalho grosseiro, ou vergonhoso, como espionar alguém. Ele passava o tempo no quarto, deitado ou tagarelando com um visitante, ou então se ocupava lendo ou recitando sutras. Jamais o vi, nem uma única vez, aproximar-se de uma panela, menos ainda fazer um esforço para obter as provisões necessárias, nem pensar no menu do templo. Ele não sabia que tomar conta disto é a prática do Buda. Nem mesmo em sonho ele teve algum dia a idéia de vestir seu kesa e de se prostrar nove vezes antes de servir a refeição. E não estando ele mesmo atento à estas coisas, ele não estava em condições de ensinar os jovens monges, se bem que este fosse oficialmente seu dever. Sim, verdadeiramente, uma situação lamentável.
Mesmo que alguém tenha a chance de ser nomeado Tenzo, se ele não aspira ao Caminho, ele retornará com as mãos vazias da montanha do bem, e do oceano de virtudes. Porém, se alguém que ainda não despertou em si mesmo o espírito de um bodhisatva, encontrar uma pessoa do Caminho, lhe será possível praticar a maneira de viver de um Buda. Ou então se alguém não encontra um mestre desperto, mas tem uma aspiração profunda de seguir este Caminho incomparável, sem nenhuma dúvida, ele tornar-se-á familiar com a prática do Caminho. Mas se estas duas condiçõesfaltam, com o prosseguir a prática do Buda?
Em todos os monastérios que eu visitei na China, os monges eram responsáveis por um determinado cargo durante um ano, mas suas atitudes eram sempre firmemente tomadas de acordo com os momentos e as circunstâncias. Esta atitude comporta três pontos: compreender que trabalhar pelos outros beneficia a si mesmo; compreender que fazer todos os esforços possíveis para a prosperidade da comunidade revitaliza seu próprio caráter; e saber que se esforçar para realizar a prática dos antigos ancestrais e de suplantá-la significa estudar suas vidas e admirar seus exemplos.
Que isso fique claro: uma pessoa estúpida vê a si mesma como um outro, enquanto o sábio vê os outros como ele mesmo49. Um mestre antigo disse:

Dois terços de nossos dias já passaram
E ainda não esclarecemos quem somos
Temos perdido nossos dias a buscar a satisfação
E mesmo quando somos chamados,
recusamos retornar.
Que lástima!50

Se nós não encontramos um verdadeiro mestre, somos levados sem cessar por nossos sentimentos e emoções. É o exemplo lamentável do filho estúpido do homem rico que deixou sua família com um tesouro e o dispersou com a escória51. Da mesma maneira, se somos Tenzo, saibamos não desperdiçar nosso tempo.
Se refletirmos naqueles que trabalharam como Tenzos com uma atitude de praticar o Caminho, veremos que eles sempre fizeram coincidir a realização de seus cargos com suas virtudes. A Iluminação de Daigui aconteceu quando ele era Tenzo no templo de Baizhang52. A história das três libras de gergelim de Dongshan vem do tempo em que ele era Tenzo53. Existe algo mais elevado do que a realização do Caminho? Existe tempo mais precioso que o tempo consagrado ao Caminho54?
Pensemos no exemplo daquele rapaz que desejava seguir o Caminho e fez uma oferenda de areia como se fosse um grande tesouro55. A felicidade espiritual que recaiu sobre aquele que fabricava as imagens do Buda56 para reverenciá-las ilustra o mesmo espírito. Os deveres do cargo de Tenzo são os mesmos desde muitos séculos. Se a atitude a ter, e os deveres a cumprir neste cargo não mudaram, como podemos nós fracassar, sendo Tenzos, ao realizar nossa natureza maravilhosa, ao caminhar sobre o Caminho como fizeram os antigos?
De fato, se você estiver em um cargo de responsável, ou de assistente, esforce-se para manter um espírito alegre e magnânimo, com a atitude atenta de um pai ou de uma mãe57.
Um espírito alegre é um espírito pleno de gratidão e vigor. Pense bem nisto: se você tivesse nascido em qualquer reino do céu, você estaria provavelmente apegado aos prazeres deste reino, não teria tempo nem ocasião para fazer nascer em você o espírito que busca o Despertar [mente Bodhi], e você não sentiria necessidade de praticar o Darma do Buda. Muito menos poderia preparar as refeições para os Três Tesouros, mesmo que eles sejam os bens mais elevados e sagrados. Nem ser Sakro-devanam-indrah, nem um cakravartin, pode ser comparado aos Três Tesouros58.
Encontramos no Chanyuan Qinggui: “A Sangha é o bem mais precioso. Aqueles que vivem em comunidade não estão entravados pela pequenez das coisas mundanas. Uma tal comunidade manifesta a mais alta posição, livre dos artifícios do mundo.”
Que sorte maravilhosa nascer no mundo humano e ter a ocasião de preparar as refeições para os Três Tesouros. Verdadeiramente, nós devemos ter uma atitude alegre e gratidão.
Devemos também refletir no que poderia ter sido nossa vida se nós tivéssemos nascido num dos reinos do inferno, ou se fossemos um espírito insaciável, um animal rastejante, ou um demônio59. Como nossa vida seria difícil se sofrêssemos as desventuras destas circunstâncias ou as infelicidades das oito condições infortunadas60. Seríamos incapazes de praticar o Darma com o apoio da comunidade, mesmo que quiséssemos. Muito menos poderíamos preparar as refeições com nossas
próprias mãos e oferecê-las aos Três Tesouros. Nossos corpos e mentes estariam encerrados dentro das limitações e aflições destes mundos, e carregaríamos um pesado fardo.


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Alegre-se então por ter nascido neste mundo, onde você pode utilizar livremente seu corpo para fazer oferendas aos Três Tesouros: o Buda, o Darma, e a Sangha. Considere as inumeráveis possibilidades de um universo infinito e veja a felicidade imensa que nos foi oferecida. Os méritos da tarefa de Tenzo jamais diminuirão. Meu desejo mais sincero é que você projete toda sua força, e os esforços de todas as suas vidas, passadas, presentes e futuras, e de cada instante de cada dia no trabalho de Tenzo, a fim de que você forme um laço sólido com o ensinamento do Buda, a Realidade
Última. Ver todas as coisas desta maneira chama-se Mente Alegre.

As boas ações cármicas de um soberano benevolente desaparecem tão rápido como a espuma na água, ou como a chama de uma vela ao vento. Antes de ser este Soberano, será melhor para você preparar as refeições e oferecê-las aos Três Tesouros.
Rôshin é a mente ou a atitude de um pai ou de uma mãe. Do mesmo modo que os pais cuidam de seu filho único, mantenha em sua mente os Três Tesouros. Um pai, independente da pobreza e das circunstâncias difíceis, ama e educa seu filho com cuidado. Qual é a profundidade de um amor como este? Somente um pai pode compreendê-lo. Ele protege seus filhos do frio, e abriga-os do sol sem
considerar seu próprio bem estar. Somente alguém em quem esta mente já despertou pode compreendê-lo, e somente alguém em quem esta atitude se formou, pode compreendê-lo plenamente. É a realização última deste amor. Do mesmo modo, quando você manuseia o arroz, a água ou outra coisa, você deve ter o mesmo cuidado, consciencioso e afetuoso, que um pai tem com seu filho.

Shakyamuni Buda retirou vinte anos de sua vida para cuidar das gerações futuras. O que é que isto quer dizer? É, simplesmente a demonstração do Mente Parental. O Tathagata não fez isto esperando recompensa ou lucro. Ele o fez incondicionalmente, sem pensar em si próprio. A Mente Magnânima61, é como uma montanha, estável e imparcial. Como o oceano, ele é tolerante e vê todas as coisas a partir da perspectiva mais abrangente. Ter uma Mente Magnânima significa ser sem preconceito e recusar tomar partido. Se você transporta algo que pesa algumas gramas, não pense que é uma coisa leve, da mesma forma quando você transporta uma carga de 25 kg, não pense nisto como pesado. Não se deixe levar pelos sons da primavera, e não fique com o coração pesado diante das cores do outono62. Veja as mudanças das estações como um todo, e pese a relatividade do pesado e do leve a partir da perspectiva maior. Então você poderá compreender, escrever e estudar o ideograma Magnânimo.

Se o Tenzo de Jiashan63 não tivesse compreendido as implicações mais profundas de
Magnaminidade, ele jamais poderia ter ajudado Fushangzuo de Daiyuan a praticar verdadeiramente o Darma, quando explodiu de rir durante uma de suas conferencias64. Se Guishan não tivesse compreendido a palavra Vasto, ele não poderia ter mostrado ao Mestre sua compreensão profunda, pegando um pedaço de madeira apagada e soprando três vezes em cima antes de lhe entregar65. E Dongshan, sem sua compreensão total da Mente Magnânima, não poderia ter respondido à questão
“o que é o Buda?” através de seu gesto célebre: segurar três medidas de gergelim.
Que isto fique bem claro: todos os grandes mestres do passado aprenderam o significado de Magnaminidade não simplesmente escrevendo esta ideograma, mas através de diferentes eventos e circunstâncias de suas vidas. Mesmo hoje, nós podemos claramente escutar suas vozes expondo as verdades fundamentais e as implicações destas verdades em nossas vidas.
Eles eram homens cujos olhos estavam abertos ao essencial de uma vida baseada na prática, permitindo-nos entrar em contato com o Buda (A Realidade da Vida). Seu objetivo último: a manifestação do Verdadeiro Eu. Quer você seja chefe de templo, monge ancião, ou outro responsável, ou somente monge, não esqueça esta atitude: viva com alegria, com bem-aventurança e realize todas as suas atividades manifestando a Mente Magnânima.

Escrito por Mestre Dogen na primavera de 1237, em Kôshô-Ji para seguidores do Caminho nas sucessivas gerações.
Traduzido do inglês (versão de Thomas Wright, no Livro “From the Zen Kitchen to Enlightenment”) por um tradutor brasileiro desconhecido (arquivo foi encontrado num HD).
Revisão: Monja Isshin
Jisui Zendô
Sanga Águas da Compaixão

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