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Dozen Muni

O GALO ou O PRIMEIRO PASSO

Há uma expressão popular que diz assim: esse aí, ouviu o galo cantar mas não sabe onde...

Usando esta metáfora, podemos dizer que a maioria das pessoas que vão pela primeira vez num centro zen espera que o zen lhes mostre o galo, onde supõem que está a sabedoria ou a solução para as suas vidas. E o encontro com este galo místico passa a ser o objetivo de suas vidas. Passam a praticar, às vezes arduamente, a fim de encontrar o galo. Atravessam banhados, se arranham nos espinheiros errando por toda a mata à procura daquilo que acreditam que finalmente vai explicar o mistério do cosmos e fazer com que sua vida seja feliz. E assim durante anos, às vezes, durante toda a vida ficam procurando o galo...

Constroem torres de observação, inventam chamarizes, mapeiam toda a mata, ficam peritos em galos e cantos de galos, enfim empregam muito engenho e arte para facilitar a busca pelo galo.

E com isto podem se tornar mestres em procura de galo ensinando aos outros todas as técnicas que inventaram para procurá-lo. Eles próprios nunca viram o galo, mas não perderam as esperanças e continuam a procurá-lo e a ajudar os outros nesta busca. E assim, todos juntos, vão levando a vida, sempre procurando o galo, sendo pessoas úteis e louváveis.

Até que chega o dia, sempre inesperado, sempre sem aviso, em que uma descoberta extraordinária é feita. Não uma descoberta racional, mas algo mais profundo, que envolve todo o nosso ser.

É a descoberta de que éramos nós que estávamos cantando o tempo todo, de que não há galo nenhum cantando lá fora. Não há nada a procurar fora de nós. Este é o primeiro passo. Somos completos. A partir daí tudo muda.

Com a consciência de que não dependemos de nada externo, de que está tudo em nós, vem uma calma muito grande. Não culpamos mais os fatores externos pelos nossos problemas, mas procuramos em nós mesmos as causas do que nos acontece. Cessamos completamente a nossa busca externa e nos voltamos para nós mesmos no momento presente.

Não é que sejamos perfeitos, mas somos completos. A partir deste ponto estamos prontos para iniciar a jornada de descoberta de que não somos separados do todo, de que “inter-somos” com tudo. De que não há ninguém cantando nem ninguém ouvindo o canto, pois não há dualidade. O universo inteiro é o canto.

Mas descobrir que não há nenhum galo cantando lá fora é o primeiro passo.

Dozen Muni sensei

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